sábado, 12 de dezembro de 2015

Norte-americano que adquiriu remédio para Aids admite que errou: ele deveria ter aumentado ainda mais os preços

Martin Shkreli não mudou nada. O provocativo CEO da empresa farmacêutica Turing Pharmaceuticals, que se tornou “o homem mais odiado dos Estados Unidos”, acha que não foi longe o suficiente quando subiu o preço do medicamento Daraprim, usado para tratar toxoplasmose em pacientes imunossuprimidos, em mais de 5.000% da noite para o dia.
“Eu deveria ter aumentado mais os preços”, Shkreli afirmou na última terça-feira (1), após ter sido questionado sobre o que ele faria se pudesse voltar três meses no tempo. “Este é o meu dever”, falou no encontro Forbes Healthcare Summit, evento da área de saúde, durante uma entrevista de 25 minutos que foi fascinante, aterrorizante e extremamente constrangedora.
Rapidamente, Shkreli explicou por que abandonou sua promessa anterior de diminuir o preço do Daraprim, afirmou que as empresas ainda estavam “implorando” por seu negócio e que estava sendo pressionado por políticos. O CEO reiterou que sua empresa foi forçada a aumentar o preço do medicamento por causa do modelo de distribuição.
A entrevista foi conduzida pelo repórter de FORBES Matthew Herper, que, em setembro, havia publicado uma matéria onde dizia que Shkreli não era, necessariamente, mau – mas incompreendido. Que, na realidade, era um homem brilhante que estava sendo caricaturado pela mídia.
Porém, no evento de terça-feira, Shkreli foi dolorosamente claro: seu trabalho não é curar os pacientes. É ganhar dinheiro. “Meus acionistas esperam que eu tenha o maior lucro possível”, disse, num tema que foi recorrente. “Esta é a verdade feia e suja. Eu vou maximizar os lucros”, adicionou. “Isto é o que as pessoas [da área da saúde] têm medo de dizer.”
Herper pressionou Shkreli a revelar se a natureza de suas ações e discursos foram prejudiciais para os negócios da Turing. A empresa de assistência médica norte-americana Express Scripts, por exemplo, retirou recentemente o Daraprim de seu formulário e o substituiu por um concorrente.
Mas Shkreli acredita que não. “Não nos prejudicou em nada”, disse ele, sugerindo que a Turing está trabalhando em um acordo com uma grande empresa farmacêutica para adquirir um novo remédio. Apesar de a empresa ter de fato optado pelo concorrente da Turing, a “Express Scripts me enviou um e-mail há alguns dias implorando pelos nossos negócios”, disse. (Um executivo da Express Scripts na plateia discordou da versão dos fatos de Shkreli.)
Ainda que Shkreli tenha transferido a culpa para seus acionistas, ele também questionou repetidamente o público sobre sua responsabilidade. Os pacientes ainda têm acesso ao Daraprim? E todas estas leis e fiscalizações governamentais? “Políticos adoram massacrar homens que são vistos como inimigos públicos”, disse Shkreli. “Esta é uma ótima forma de ser eleito.”

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