domingo, 13 de março de 2016

O que os candidatos à presidência dos Estados Unidos pensam sobre Israel?

Bruno Lima
Há duas semanas, Israel voltou a ser tema central no debate entre os pré-candidatos republicanos à presidência americana. A razão da discussão foi a declaração do líder nas primárias, o magnata Donald Trump, de que em uma possível negociação entre israelenses e palestinos assumiria uma postura neutra. Ted Cruz, o candidato texano tido como ultraconservador, e Marco Rubio, o atual representante da base partidária, não tardaram a criticar o bilionário.
Cruz afirmou: “Donald Trump disse em um programa de TV que seria neutro entre Israel e os palestinos”, provocando vaias em Charleston, Carolina do Sul. “Como presidente, eu não tenho nenhuma intenção de ser neutro. Como presidente, vou estar abertamente com a nação de Israel”, completou Cruz para o delírio de seu público que tem grande base evangélica.
O jovem senador da Flórida e atual esperança dos moderados republicanos, Marco Rubio, também não deixou barato: “O próximo presidente americano precisa ser alguém como eu, que permanecerá firme ao lado de Israel (…) porque eles são a única democracia livre e pró-América em todo o Oriente Médio”.
O conflito entre israelenses e palestinos é constantemente motivo de debate na política americana, tanto do lado democrata quanto do republicano. Mas o que pensam os atuais candidatos à presidência? Vejamos as posições de cada um deles sobre Israel:

Bernie Sanders (Democrata)

Sanders é judeu e viveu em um kibutz, depois de se formar pela Universidade de Chicago.
Dentre todos os pré-candidatos à presidência, o senador pelo Estado de Vermont é o que aparenta ser mais neutro em relação à questão palestina.  
Bernie Sanders sempre apoiou a solução de dois estados para dois povos, uma vez que Israel tenha seu direito de existir reconhecido, e os palestinos adquiram integral soberania política e econômica sobre o território que lhes é direito.
O senador considera fundamental que os líderes de ambos os lados retornem a mesa de negociação.
No passado, Sanders condenou veementemente a morte de civis palestinos por Israel e definiu os ataques a inocentes como “inaceitáveis”. Em uma reunião em Vermont, o senador chegou a afirmar que Israel “exagerou” ao bombardear instalações da ONU durante a guerra de Gaza em 2014, mas condenou os ataques de foguetes disparados em direção à população israelense.
Atualmente, ele é o único candidato que prega o fim do bloqueio a Gaza.

Hillary Clinton (Democrata)

A concorrente de Sanders na luta pela nomeação do Partido Democrata é mais firme em relação ao seu suporte a Israel, mas mantém ressalvas às políticas de Netanyahu.
A ex-Secretária de Estado é a favor da solução de dois estados para dois povos, mas, a contragosto do primeiro-ministro israelense, apoia o acordo nuclear com o Irã e se mostra crítica a expansão dos assentamentos na Cisjordânia.
Em um artigo recentemente publicado, a ex-senadora do estado de Nova Iorque reafirmou seu compromisso com a “inquebrantável relação” com Israel. No artigo, Hillary conta sua história de amor com o país, critica o terrorismo palestino e reitera sua luta no senado americano para manter o suporte dado aos israelenses.

Donald Trump (Republicano)

O principal pré-candidato republicano se descreve como um grande amigo de Israel. Apesar de ter dito que adotaria uma postura neutra em uma possível negociação entre palestinos e israelenses, Trump já afirmou em algumas ocasiões que Israel é a vítima no conflito, comprometendo-se a sair em defesa dos israelenses em caso de ataques contra a sua população. Declarou, inclusive, que as crianças palestinas são educadas a odiar os judeus.
Donald Trump, apesar de suas oscilações quanto a Israel, tem recebido enorme apoio de cristãos evangélicos, grupo que, por razões teológicas, demonstra adoração ao Estado judeu.
Apesar de ter negócios em diversas partes do mundo, Trump jamais ajudou financeiramente Israel.

Ted Cruz (Republicano)

O senador texano é um cristão ultraconservador. No passado, Cruz chegou a ser vaiado por árabes cristãos antes de um comício por fazer promessas de ajuda financeira e militar a Israel em detrimento do auxílio dado aos palestinos.
Cruz já afirmou que, se eleito presidente, mudará a embaixada americana de Tel Aviv para Jerusalém, reconhecendo assim a cidade santa como a capital do Estado de Israel.
Apesar de adotar uma posição firme em relação a Israel, o senador esteve recentemente envolvido em uma polêmica após criticar de forma exclusiva o democrata judeu Chuck Schumer, por este ter participado, junto a outros, na formulação do plano de imigração de Marco Rubio. Muitos entenderam a crítica como uma afronta ao “liberalismo judaico”, já que a grande maioria da população judaica que vive nos Estados Unidos se define como liberal ou progressista e tem um histórico de apoio ao Partido Democrata.

Marco Rubio (Republicano)

Como Ted Cruz, o senador do Estado da Flórida também promete remover a embaixada americana de Tel Aviv e mudá-la para Jerusalém. Rubio possui uma seção dedicada especialmente a Israel em seu site.
Marco Rubio afirma que manter Israel forte é interesse dos Estados Unidos por uma questão de segurança nacional. Além disso, o senador já declarou sua intenção em aumentar o auxílio financeiro e a cooperação militar com Israel.
Rubio se opõe veementemente ao acordo nuclear com o Irã e não condena Israel por construções em assentamentos.
Apenas a título de curiosidade, Sheldon Adelson, magnata e patrono americano de Benjamin Netanyahu, é um dos financiadores da campanha do jovem republicano filho de imigrantes cubanos.

John Kasich (Republicano)

O governador do Estado de Ohio sempre se posicionou de forma favorável a Israel. Kasich não chegou a ser um dos articuladores do discurso de Netanyahu no Congresso, mas foi definitivamente um dos que mais apoiou a vinda do primeiro-ministro israelense a Capitol Hill.
Kasich sempre foi um defensor das políticas de Israel. Em entrevista, declarou apoio à política de assentamentos e afirmou não saber como se obtém uma solução de dois estados quando “pessoas caminham pelo país esfaqueando outras pessoas”. O governador – considerado por muitos como uma voz moderada entre os republicanos – clama pelo reconhecimento do Estado de Israel, garantias de segurança permanente e imediata interrupção dos ataques terroristas; somente assim, declarou Kasich, “pode-se obter uma solução de dois estados”.
Divulgação: www.juliosevero.com
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